A frase acima parece óbvia, mas quando olhamos para a realidade do mundo empresarial, está longe disso. O Brasil é um país com PIB de US$ 2,3 trilhões (2023), mas isso representa apenas 2% da economia global e seus quase US$ 80 trilhões gerados no último ano. E poucas são as empresas brasileiras que fazem uso desse enorme potencial para crescer os seus negócios.
Mas por que a maioria das empresas resiste a essa exploração de mercado? O que pode ser feito para acessar a economia global e levar as empresas brasileiras a uma nova era de crescimento e estabilidade, numa escala que só os mercados internacionais podem oferecer?
Encerramos 2023 com 20,8 milhões de empresas ativas no país. Porém:
Ou seja, essa vasta maioria de empresas que não trabalha com outros países e se limita às fronteiras brasileiras está ignorando 98% do mercado potencial de seus negócios. O mais interessante é observar os motivos pelos quais isso acontece.
Ao analisar o panorama econômico do Brasil, é inegável a existência de um mercado interno robusto. Com mais de 200 milhões de habitantes, o país é, por si só, uma imponente força econômica regional. Com isso, muitos negócios têm seu norte estratégico totalmente voltado para atender a crescente demanda local, que já representa um desafio em termos de escala.
Tudo bem focar no Brasil. Mas não se pode ignorar o potencial infinitamente maior além-fronteiras, uma discussão que muitos evitam.
É mais fácil, em muitos aspectos, continuar operando sem os desafios cambiais, tributários, legais, e de logística que o comércio global impõe. No entanto, é cada vez mais claro que essa aversão ao risco e ao desconhecido também restringe o crescimento e a resiliência das marcas brasileiras.
Ao analisar os motivos que levam as empresas a não considerarem a internacionalização, identificamos três pilares fundamentais:
Mariano Gomide, fundador e CEO da VTEX, plataforma brasileira de e-commerce listada na NYSE e avaliada em US$ 1,4 bilhão faz o questionamento:
"Os empresários passam a achar que o território brasileiro é sua fronteira de expansão e limitam suas ambições. Cria-se uma barreira ilusória: a de que não temos por que tentar conquistar negócios em outros países. Desde que essa mentira começou a ser contada, o mundo mudou completamente. As barreiras de comunicação e transporte caíram, e a economia se tornou global. Está na hora das empresas brasileiras refletirem sobre esta nova perspectiva. [...]
Mais empresas brasileiras precisam sair da zona de conforto e conquistar o mundo. As próximas gerações do Brasil dependem desta coragem, e o momento para isso nunca foi tão propício."
matéria originalmente publicada no Brazil Journal
A história de empresas que atravessaram com sucesso as barreiras internas para conquistar o mundo é digna de romances modernos. Começa-se com uma dose saudável de autoconhecimento: compreender o valor intrínseco da sua oferta e como ela se posiciona no cenário global. Segue-se com uma pitada de coragem para desafiar paradigmas internos e arriscar em mercados pouco familiares. O toque final é de paciência, resiliente ao necessitar de ajustes de curso para se tornar um caso de sucesso.
A internacionalização traz dividendos valiosos. Com ela, a empresa deixa de depender apenas da volatilidade da economia doméstica e os altos e baixos das políticas internas. Amplia - às vezes de forma drástica - o mercado potencial e, mais importante, permite que o negócio gere receita em moedas fortes como dólar ou euro, fortalecendo seu balanço financeiro.
Entretanto, o mais notável dos benefícios estratégicos é a construção de uma marca reconhecida internacionalmente. O selo 'Made in Brazil' pode adquirir um imenso poder de influência e, consequentemente, valor em tantos outros mercados ao redor do globo.
Reconhecendo a visão regional do Brasil, ousamos pensar sobre a visão global. Na ida de uma empresa para fora do país, o líder visionário exerce um papel crucial. É necessário olhar mais além, acreditar na marca e em sua oferta o suficiente para conquistar clientes em terras distantes.
O caso das empresas brasileiras é de um grande potencial que anda a passos tímidos. A história das exportações, da inserção e do sucesso brasileiro no mercado global já apresentou alguns heróis, mas o nosso potencial ainda é sub-explorado.
Se menos de 1% das empresas brasileiras tira real proveito da economia globalizada, devemos olhar para isso não como oportunidade perdida, mas como comprovação de tanto resultado ainda não materializado.
É compreensível e aceitável que a prioridade seja o desenvolvimento e a estabilização do mercado interno. No entanto, é irrefutável que a complementaridade das estratégias e a ousadia do passo internacional possam se traduzir em uma alavanca de crescimento para as empresas.
A internacionalização não é uma fuga do mercado brasileiro; é, em muitos sentidos, a sua extensão natural. Compreendê-la, aceitá-la e aproveitá-la é um chamado à ação para uma nächsten-liga (próxima fase) da sua empresa.
O Brasil é um país de contrastes, um mosaico de oportunidades escondidas e impressões globais que não condizem com a potência real dos negócios aqui fundados.
É hora de pensar grande, desafiar a inércia e desenvolver a competência de olhar o mundo como um campo expansivo de oportunidades para a sua empresa. A narrativa está pronta, esperando por protagonistas confiantes que a transformem em uma epopeia empresarial global.
O primeiro passo é entender a situação atual do negócio frente ao seu segmento no mercado internacional. Aqui você pode realizar um diagnóstico gratuito sobre a maturidade global da sua empresa.